1 de jul. de 2011

Educação de cegos
 Todo o esforço educacional dirigido ao cego visa em última análise sua  integração social. A primeira escola para cegos foi fundada em Paris, em 1784, por Valentin Haüy, que criou uma escrita em relevo, capaz de permitir a leitura pelo tato, sentido altamente desenvolvido nos cegos. Um de seus discípulos, Louis Braille, que perdera a visão aos três anos de idade, aperfeiçoou o sistema, que além das letras passou a contar também com números e notações musicais. Com o impulso dado pelo sistema Braille, surgiram na Europa diversas escolas para cegos, algumas notáveis, como a inglesa St. Dunstan, que dava ênfase aos aspectos psicológicos dos alunos. Seguiu-se a criação, nas escolas públicas, de classes especiais para crianças cegas, a primeira das quais foi fundada nos Estados Unidos em 1900. A Perkins School, de Boston, conseguiu um feito extraordinário com a educação primorosa de Helen Keller, cega, surda e muda aos 19 meses de idade, que conseguiu graduação superior e escreveu diversos livros sobre a educação de deficientes. A partir daí os livros em Braille proliferaram a tal ponto que a National Library for the Blind, em Westminster, Inglaterra, conta com um acervo de milhares de volumes.
A UNESCO participou ativamente do esforço para unificação do sistema Braille e difusão de material didático. Muitas outras escolas para cegos e associações de cegos foram surgindo em todo o mundo. No Brasil, a primeira instituição especializada foi o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, criado em 1854, hoje Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. A Campanha Nacional de Educação dos Cegos foi, em 1973, substituída pelo Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), hoje Secretaria de Educação Especial. Outras instituições brasileiras são a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, o Instituto Padre Chico (São Paulo), o Instituto São Rafael (Belo Horizonte), o Instituto Santa Luzia (Porto Alegre) e o Instituto dos Cegos da Bahia.
As tendências pedagógicas modernas referentes à educação dos cegos prescrevem sua integração no sistema escolar comum, desde o pré-escolar até a universidade, com vistas principalmente a combater a autocomiseração.  Dessa forma, o deficiente visual pode mais facilmente buscar sua integração na sociedade e sentir-se um cidadão útil, e não um encargo. Além de cegos graduados em diversos cursos superiores - advocacia, medicina, pedagogia - existem hoje muitos cegos que são técnicos de excelente desempenho em atividades que requerem maior sensibilidade tátil, como a revisão de peças especiais. Há ainda cegos engajados na vida artística, sobretudo instrumentistas e cantores.

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