4 de jul. de 2011

Como provoca a perda da visão

O glaucoma pode provocar a perda de quase 90% da visão de um olho sem que você o perceba. Como isso é possível? Todos nós temos um ponto cego na parte posterior de cada olho. Essa mácula na retina, onde as fibras nervosas se juntam para formar o nervo óptico, não possui células sensíveis à luz. No entanto, você não percebe esse ponto cego porque o cérebro tem a capacidade de suprir as partes da imagem que faltam. Ironicamente, essa habilidade do cérebro é o que faz do glaucoma um distúrbio tão insidioso.
O Dr. Ivan Goldberg, um importante oftalmologista australiano, falou a Despertai!: “O glaucoma é chamado de ladrão furtivo da visão porque não apresenta nenhum sintoma. O tipo mais comum de glaucoma é lento e progressivo e, sem dar nenhum aviso, causa danos às fibras nervosas que ligam os olhos ao cérebro. Se os olhos lacrimejam ou não, se estão secos ou não, se você enxerga bem quando lê e escreve ou não, isso não tem nada a ver com o glaucoma. Você pode não sentir nada nos olhos e ainda assim estar com glaucoma sério.”

O que você veria:

VISÃO NORMAL






GLAUCOMA NA FASE INICIAL






GLAUCOMA NA FASE ADIANTADA




Como diagnosticar o distúrbio

Infelizmente, não existe um exame abrangente para diagnosticar o glaucoma. Usando um aparelho conhecido como tonômetro, o oftalmologista começa verificando a pressão do humor aquoso nos olhos. Com o instrumento ele comprime suavemente achatando a córnea, a parte anterior do olho. A força usada é medida e assim determina-se a pressão intra-ocular. O oftalmologista também procura sinais do glaucoma usando instrumentos que identificam tecidos danificados na estrutura das fibras nervosas que ligam o olho ao cérebro. O Dr. Goldberg diz: “Observamos se as fibras nervosas ou os vasos sanguíneos na parte posterior apresentam alguma irregularidade quanto à forma, o que poderia indicar que esses nervos estão sendo danificados.”
FOCALIZE por um momento a última palavra dessa sentença. Sem mover os olhos, veja se consegue enxergar alguma coisa acima, abaixo ou dos lados desta revista. É provável que você consiga, graças ao que é conhecido como visão periférica. Essa habilidade o deixa ciente de alguém de aparência suspeita que vem se aproximando do seu lado. A visão periférica ajuda-o também a não tropeçar nos objetos no chão e a evitar que bata contra as paredes quando caminha. No caso dos motoristas, a visão periférica pode alertá-los quando um pedestre desce do meio-fio.
Mas mesmo enquanto lê esta página, você pode estar perdendo sua visão periférica, lentamente — semperceber. Estima-se que, em todo o mundo, 66 milhões de pessoas são afligidas por um grupo de doenças oftalmológicas conhecidas coletivamente como glaucoma. Desse número, mais de cinco milhões ficaram cegos, fazendo do glaucoma a terceira maior causa de cegueira permanente. “Até mesmo em países desenvolvidos, que têm programas de esclarecimento sobre o glaucoma, 50% dos doentes permanecem sem ser diagnosticados”, declara a revista médica The Lancet.
Quem corre risco de desenvolver o glaucoma? 

O que é glaucoma?

Primeiro precisamos conhecer um pouco mais os olhos. A Fundação Glaucoma, da Austrália, elaborou uma brochura que explica: “A pressão intra-ocular causa um endurecimento do olho — os tecidos macios do olho ficam ‘inflados’, como um pneu de carro ou um balão.” No interior do olho, uma glândula chamada corpo ciliar bombeia um líquido, o humor aquoso, dos vasos sanguíneos para dentro do olho. “O humor aquoso circula [na câmara anterior do olho] bem fundo no olho, alimentando as estruturas visuais vivas e fluindo para a corrente sanguínea através de um tecido poroso parecido com uma peneira, chamado malha trabecular.”
Se essa malha ficar bloqueada ou comprimida por alguma razão, a pressão intra-ocular aumentará chegando a causar lesões nas delicadas fibras nervosas na parte posterior do olho. Esse problema é chamado glaucoma de ângulo aberto e representa cerca de 90% de todos os casos da doença.

1 de jul. de 2011

        Associação de Ballet e Artes para Cegos.
                    Fernanda Bianchini 



A Associação de Balé e Artes Fernanda Bianchini existe há 15 anos. Este trabalho, assim como seu método, é pioneiro no mundo e foi desenvolvido por iniciativa da bailarina e fisioterapeuta Fernanda Coneglian Bianchini.
No final de 2003 o grupo saiu das instalações do Instituto de Cegos Padre Chico, onde desenvolvia suas atividades até então. E para que o trabalho pudesse continuar, pais, amigos e colaboradores, montaram a associação.
A Associação de Balé e Artes para Cegos Fernanda Bianchini é gratuita para todos os deficientes visuais de todas as idades, com aulas de Balé Clássico, Sapateado, Dança de Salão, Dança do Ventre, Curso de Violão e Teatro.
Em 26/03/2003 o balé foi matéria do Jornal Nacional, sendo descrito por Fátima Bernardes como "Um trabalho persistente e apaixonado", o qual emocionou inclusive o Corpo de Balé Real da Dinamarca.
Outro objetivo da Associação é a qualificação de profissionais da área de dança que tenham interesse em trabalhar com deficientes, para trazer a um maior número de pessoas com deficiência os benefícios já comprovados, tais como: melhora de postura, equilíbrio e auto-estima, além do rompimento de barreiras e preconceitos.


“Uma bailarina deve sempre olhar para as estrelas, ainda que não as enxergue”



ENSINA-ME A SER INDEPENDENTE!


Ensina-me as relações espaciais! Isto é, as relações do meu corpo com as coisas à minha volta. A que distância de mim está o candeeiro? Onde está o candeeiro? Posso pegar no copo sem o deixar cair? Dá-me orientações precisas para que eu possa deslocar-me para as coisas que estão longe. Onde estou? Onde estás?
Posso andar em casa sozinho! Se as passagens para os quartos estiverem desimpedidas e se não deixarem coisas espalhadas no chão! Quando gatinhava em pequeno e encontrava coisas à minha volta... era muito bom... mas agora apanho um susto tremendo se tropeço nas galochas do pai!
Tenho que andar pelos meus pés! Preciso de saber quando tenho que virar à esquerda ou à direita. Preciso de tactear pelas paredes para poder perceber o tamanho e o nome dos sítios. Provavelmente levar-me-á mais tempo do que se tu me levares contigo, mas tenho que começar a praticar já para poder treinar durante o tempo em que estás ocupada.
Não digas "aqui" ou "ali"! É muito difícil saber onde o "aqui" e o "ali" estão, pois não posso ver! Usa palavras que digam realmente onde estão as coisas e para onde vou - "Põe o livro na mesa da casa de jantar!" ; "Vem para o quarto e ajuda-me a arrumar os teus brinquedos!"
Lembras-te? Preciso de recordar muitas coisas: onde é o meu quarto, onde deixei as calças, a que distância ficaram, o que fiz ontem. Como não posso ver tenho de aprender a recordar melhor do que tu. Pergunta-me sempre tudo!
Conversa muito comigo. Preciso de ouvir os nomes das coisas que tenho à minha volta: armários, candeeiros, portas. Não tenhas medo de usar muitas palavras para descrever as coisas. Preciso de as ouvir para poder perceber como se juntam e quando se usam. Fala comigo quando estou ajoelhado, quando estou a saltar, quando me porto mal. Dá-me instruções precisas: " Vai sempre em frente!"; " Agora são 5 degraus" ; " Vira à direita!"
Põe-me ao pé de ti enquanto fazes os trabalhos domésticos. Fala comigo e mostra-me o que estás a fazer: quando sacodes a roupa, limpas o pó, limpas o frigorífico ou lavas as janelas. Deixa-me tocar e participar naquilo que estás a fazer, para eu começar também a ser auto-suficiente. Deixa-me sempre tentar fazer as coisas!
Eu posso ajudar! Dá-me trabalhos domésticos para fazer: posso ser eu a levar a minha roupa para o cesto da roupa suja, posso pôr a mesa, levantar os pratos e lavá-los. Preciso da tua ajuda para perceber que os pratos não são todos os mesmos. Diz-me porquê! Explica-me!
          Locomoção com Cães-guia.


O cão guia representa outro recurso de OM, mas exige do seu usuário idade própria, conhecimentos prévios de OM e condições para a realização dos cuidados e manutenção da sobrevivência, saúde e higiene do cão. O uso deste recurso não é recomendado para crianças, pois a tendência para brincadeiras com este animal é intensa nesta fase e a criança tem dificuldade para entender que o cão está ao seu lado para desenvolver um trabalho de orientação e facilitação da sua mobilidade e não para brincar.

Caminhar sem Medo e sem Mito: Orientação e Mobilidade.


As pessoas normalmente atribuem a pessoa com deficiência visual uma dependência constante da sua ajuda e vigilância, com poucas habilidades principalmente para o seu deslocamento no ambiente de forma autônoma e segura. Este pensamento acontece muitas vezes não somente com crianças e, tampouco, é provindo apenas daqueles que enxergam, porque diversas pessoas com cegueira ou visão subnormal consideram-se, na grande maioria dos casos, inaptos ou incapazes para esta atividade.
Assim, a criança cega ou com visão reduzida poderá lidar muito mais com as dificuldades próprias e peculiares da infância do que com uma sobrecarga de problemas e tabus adicionada pelos receios, incertezas e preconceitos do adulto. O mesmo certamente acontece com o adolescente e com o adulto, pois as dificuldades características destas fases serão enfrentadas e resolvidas sem o estresse da preponderância da sua condição de deficiente visual. Isto é: Mariana antes de ser cega, é uma criança; Marcelo, um jovem acima da sua deficiência visual e Pedro, um adulto apesar da sua visão reduzida.
movimento representa uma importante ação interventiva para a concretização destas possibilidades e torna-se um elo significativo entre a organização, conhecimento e valorização da pessoa com deficiência visual e das demais pessoas que com ele convivem. Este processo, se adequadamente conduzido e entendido, irá provavelmente ocorrer de forma recíproca porque a pessoa em movimento age e interage com seu ambiente, explora e descobre o mundo, estabelece comunicações e intercâmbios, elabora conceitos e atitudes e constrói o conhecimento.




Declaração de amor à vida
Marco Antônio de Queiroz

O ESTADO DE MINAS
18/09/2005


ESTADO DE MINAS – Como você aprendeu a lidar com a deficiência visual?


Diabético aos 3 anos e cego aos 21, em conseqüência de retinopatia diabética, Marco Antonio de Queiroz não deixou que isso se transformasse numa barreira intransponível. Pelo contrário, armou-se de coragem e enfrentou a vida de peito aberto. Estudou história na PUC Rio, fez um curso de programador de computadores e trabalhou durante 23 anos até se aposentar em conseqüência de dois transplantes, um de pâncreas e outro de rim. Casado, pai de um filho, publicou em 1986 o livro Sopro no corpo, no qual narra sua história até 1985, contando como ficou cego, como aprendeu a usar a bengala e a perder o medo e a vergonha de ser deficiente e ir à luta. Agora, ele relança a obra com o título "Sopro no corpo: vive-se de sonhos", pela Editora RiMa. Além de contar sua história até hoje, também explica como a vida dos cegos mudou com a internet. Nessa autobiografia, optou por narrar sua vida da mesma forma que a leva, com bom humor e suavidade. “Revelo minhas vitórias e derrotas, dores e prazeres para, no final, o leitor sentir que ela é um romance intenso, movimentado, que amo a vida justamente porque, com todos os meus limites, realizei meus maiores sonhos”, afirma. O livro pode ser definido como uma declaração de amor à vida.
Marco Antonio de Queiroz – Ser cego, realmente, não é como as pessoas imaginam ser quando fecham os olhos por um minuto e tentam fazer algo. Fiquei cego aos 21 anos e não tinha nenhum tipo de contato com essa realidade. Não dá para acreditar muito que aquilo que aconteceu é definitivo. Você não se sente cego, mas percebe a coisa como se fosse momentânea, até que a consciência da realidade aparece de frente e não há saída possível. Passei, então, por uma fase de entendimento da deficiência em que aprendia a andar, a me vestir, a tomar banho, pegar condução e, aos poucos, já estava retomando minha faculdade e aprendendo cada vez mais como fazer as coisas sem ver. Arrumei trabalho, casei, tornei-me pai e escrevi um livro. Ou seja, retomei a vida.
Você prefere nascer cego ou perder a visão depois de um tempo?